quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Calígula: o Imperador maluco no poder de Roma, 1.400 dias de Terror

A história não foi complacente com Calígula, o detentor de um reinado
tão curto quanto violento no primeiro século de nossa era, em Roma. Ele
permaneceu no poder de março de 37 até seu assassinato, em janeiro de
41. Foi o terceiro imperador romano, membro da dinastia júlio-claudiana,
iniciada por Augusto.

A reputação de louco feroz, capaz de
incríveis crueldades, foi construída ao longo de apenas quatro anos de
poder, um período curto demais para fama tão arraigada, mas nada indica
que ele fosse diferente do que ainda hoje se diz do personagem. O
próprio nome Calígula tornou-se sinônimo de atrocidade.

Cabe,
contudo, buscar a fonte primordial: a obra A vida dos doze césares, do
escritor e historiador Caio Suetônio (69-c.141), que não foi
contemporâneo de Calígula, mas ótimo observador dos costumes romanos.
Outros historiadores, como Filo (30-50 d.C.), Josefo (37-92 d.C.) e Dião
Cássio (data imprecisa do século II), também citaram o imperador em
suas obras. Especificamente no caso de Calígula, Suetônio é de longe o
mais influente entre os quatro, mesmo que se apontem frequentemente
imperfeições em sua obra.

Para conhecer o monstro da antiga Roma,
parece uma boa opção desistir de buscar refúgio atrás das crises de
epilepsia de Calígula e de algumas insanidades a ele atribuídas. Doenças
física e mental explicam uma parte, talvez pequena, da biografia. A
outra parte passa necessariamente por sua origem familiar, o ambiente
depravado no qual cresceu e, sobretudo, o estado das instituições do
Império.

Até porque na Antiguidade a epilepsia simplesmente não
era compreendida como hoje. Era um estigma na vida do paciente e uma
mancha em sua biografia. Foi preciso que nascessem homens como os
escritores Fiodor Dostoievski e Gustave Flaubert ou um teórico e
político como Vladimir Lenin, todos epiléticos, para que o mundo
passasse a ver a doença de outra forma. A percepção de que doença e
crueldade não caminham juntas certamente nem passava pela cabeça dos
historiadores antigos.

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